ZÉ PILINTRA



Bastante considerado, especialmente entre os umbandistas, como o espírito patrono dos bares, locais de jogo e sarjetas,
embora não alinhado com entidades de cunho negativo, é uma espécie de transcrição arquetípica do "malandro".
No seu modo de vestir, bastante típico,
Zé Pelintra é representado trajando terno completo na cor branca, sapatos de cromo, gravata grená ou vermelha e chapéu panamá
de fita vermelha ou preta.

Contam que nasceu no povoado de Bodocó, sertão pernambucano, próximo a cidadezinha de Exu.
Fugindo da terrível seca que assolava a cidade a família de José dos Anjos rumou para Recife em busca de uma melhor vida, mas o menino aos 3 anos perdeu a mãe.
Cresceu, então, no meio da malandragem, dormindo no cais do porto e sendo menino de recados de prostitutas. Sua estatura alta e forte granjeou o respeito dos circunstantes. Sua morte seria um mistério.
Aos 41 anos foi encontrado morto sem nenhum vestígio de ferimento.

Uma outra versão do mito alude a José Gomes da Silva, nascido no interior de Pernambuco, um negro forte e ágil, grande jogador e bebedor, mulherengo e brigão.
Manejava uma faca como ninguém, e enfrentá-lo numa briga era o mesmo que assinar o atestado de óbito.
Os policiais já sabiam do perigo que ele representava. Dificilmente encaravam-no sozinhos, sempre em grupo e mesmo assim não tinham a certeza de não saírem bastante prejudicados das pendengas em que se envolviam.

Não era mal de coração, muito pelo contrário, era bom, principalmente com as mulheres, as quais tratava como rainhas.

domingo, 29 de setembro de 2013

OUÇA RÁDIO OI VAMOS SARAVÁ SR ZÉ PILINTRA

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ACORDO DE MALANDRO

BEZERRA DA SILVA - Malandro Não Vacila

ZÉ PILINTRA E A LINHA DE MALANDROS

VOU BRINCANDO E TRABALHANDO

               
 SOU BOÊMIO ,SOU MALANDRO
Como meu chapéu eu vou girando.
Sou Zé Pilintra
Amarro o feitiço no pé da ladeira
Tiro todo mal e ponho no pé da Juremeira

OUTRA PINTURA DE MARIA DO CARMO NOS ARCOS DA LAPA

LINDA PINTURA DA ARTISTA MARIA DO CARMO

CABARET DO ZÉ PILINTRA

ZEU ZÉ PILINTRA E MARIA PADILHA

Sua pomba gira de coração.
Onde ele faz sempre tudo para que ela o aceite.

SALVE MALANDRO E MALANDRINHO


"malandro.. meu malandrinho da cor brasileira seu gingado me encantou.. 
Ele põe fogo no paiol desafia feiticeiro  ele eo malandrinho da estrada o meu grande companheiro."

OUÇA A RÁDIO DA MALANDRAGEM

PINTURA DE MARIA DO CARMO

ZÉ PILINTRA/ALMA OU EXU?

 

Zé Pilintra é uma  alma. E como tal deve ser respeitada, assim como se respeite
um preto velho.
 

SALVE OS MALANDROS DA ESTRADA

                              
Que tanto nos protege dos perigos da madrugada.
Cada medium que trabalha com ele, sempre tem e terá uma história de proteção
realizada por este espírito tão guardião.

O FUMO E O JOGO DO MALANDRO


SETE CAMINHOS EU ANDEI

                           

CARD DO ZÉ PILINTRA

O CULTO DA JUREMA








Marinaldo José da Silva e Maria Ignez Novais Ayala

- Universidade Federal da Paraíba

Seu Zé de Nana meu nêgo
Você não é camarada
No meio de tanta moça
Roubou minha namorada

O que é que eu faço da vida
Par Paraíba eu não vou
A namorada que eu tinha
Seu Zé de Nana roubou



“Salve a Jurema Sagrada, salve eu, salve vói, salve minha tronqueira e salve minha cachaça, salve meu cachimbo e salve minhas encruza! E quem pode mais do que Deus? Só Deus e mais ninguém, né nêgo? Agora me daí meu chapéu, meu cachimbo e minha cachaça par eu molhar a guela e dançar aquele coco com uma nêga bem boa!”


O pau pendeu não caiu
Zé de Nana chegou
E ninguém viu


É característico dos Mestres juremeiros quando chegam em terra saudarem a Jurema Sagrada, a sua tronqueria1, e tudo que a eles pertence e a Deus. E pedem para cantar o seu ponto, que pode ser um coco ou não.

No universo da literatura oral, a própria criação se nutre da imaginação que se ancora na realidade daqueles que fazem da cultura popular uma circundante poética onde transitam mitos, narrativas, religiões e vários costumes afro-brasileiros. São evidentes as marcas da diáspora negra nessas variações populares, cabendo à Jurema e ao coco, elementos de estudo deste trabalho, a contemplação do afro-brasileiro-mágico-religioso, considerados fazedores de cultura. É no sentido de “trânsito” entre as atividades diversas pertencentes ao mundo da oralidade que nos propusemos a mostrar os vários pontos em comum da Jurema Sagrada e do coco de roda.

O caráter religioso desta dança tem despertado nossa atenção, levando-nos, inicialmente, a reunir os cocos que se referem a santos católicos e às práticas do catolicismo popular. Recentemente, em meio a uma das religiões brasileiras, que tem muitos adeptos na Paraíba – a Jurema Sagrada ” encontramos vários cocos, que aparecem como pontos de gira. A Jurema Sagrada é um dos vários cultos com fortes marcas indígenas que se mesclam com traços do catolicismo popular, do espiritismo e das religiões negras do Brasil ” candomblé e Umbanda.

Difícil dizer hoje a origem ou o que predomina nesse culto afro-brasileiro, fundamentado em ervas, raízes e casacas de árvore usadas com função mágica para acura ou para afastar males e recuperar as energias dos fiéis e de todos aqueles que procuram o auxílio dos Mestres juremeiros. Muitas vezes essas ervas são utilizadas em forma de fumo, que serve para a defumação da casa, e de amaci, fusão de ervas que serve para o batismo do iniciado na Jurema, além da semente e do vinho extraído da árvore sagrada num sentido mágico-religioso.

Nos estudos que compõem a bibliografia sobre as religiões afro-brasileiras, são muitos os títulos dedicados ao candomblé, ao catimbó, ao xangô e à Umbanda; aparecem referências à Jurema como uma linha da Umbanda. O culto da Jurema era elemento principal do catimbó, conforme os estudos de Câmara Cascudo, Roger Bastide e Oneyda Alvarenga. Essa última publicou em 1949 Catimbó, a partir da bibliografia então existente e da farta documentação reunida em 1938, pela Missão de Pesquisas Folclóricas, da Discoteca Municipal de São Paulo, por meio da pesquisa de campo no Nordeste.

Na década de 30 houve grande perseguição policial aos catimbós e aos catimbozeiros, com prisões, fechamento, destruição das casas e apreensão de objetos utilizados no culto. Até hoje, os termos catimbó e catimbozeiro têm conotação pejorativa no Nordeste, comportando forte carga de preconceito.

Na Paraíba, atualmente, o culto da Jurema se encontra ajustado à Umbanda. Nas casas por nós visitadas, as cerimônias ocorrem no mesmo salão em que são desenvolvidos os cultos aos orixás da Umbanda, diferindo apenas os pejis e as camarinhas, ou em espaço contíguo, dedicado exclusivamente à Jurema.

Como linha da Umbanda ou como culto independente que se abriga no mesmo teto, mas que reconhece Alhandra como a cidade da Paraíba tida como local de onde se irradiou o ritual religioso, a Jurema tem muitos adeptos que ressaltam os poderes de cura dos Mestres juremeiros.

Além da cidade de Alhandra, existe a “cidade encantada de Tambaba”, local de muitos mistérios dos senhores Mestres encantados. Citando René Vandezande:

“A tradição diz unanimemente que no alto da praia de Tambaba houve uma Cidade da Jurema de igual nome, anos passados: porém, esta cidade foi “devorada” pelo mar, e de lá teria origem o culto que ainda hoje os juremeiros prestam ocasionalmente nesta praia. Una juremeiros que foram lá em nossa companhia demonstraram o máximo respeito para o lugar. Diversas vezes fomos a essa praia solitária, encontrando, cada vez, objetos de culto e velas. O barulho que as ondas produzem nas rochas de formas fantásticas é interpretado como a voz dos Mestres.” 2

E hoje Tambaba é uma praia de nudismo muito visitada pelos turistas.

Mestres são as entidades principais desse culto que aparecem nas sessões semanais das casas destinadas à Jurema e nas festas periódicas dedicadas a eles. São Exus, índios, caboclos, reis de iorubá, caboquinhas de pena, boiadeiros, baianas, pretos velhos, marinheiros, pescadores e também ciganas, Pomba-gira, Zé Pelintra, Maria Padilha e toda sua companhia. E como se não bastasse, a Cumade Fulozinha e a figura do cangaceiro, Também personagens das narrativas e contos populares, transitando na Jurema Sagrada. Segundo a fala de um dos depoentes umbandistas: “Cumade Fulozinha é uma identidade muito perigosa: ela tanto trabalha pro bem, como trabalha pro mal.”

Todos animadíssimos com seus pontos cantados e com o som dos elus, gaitas e maracás, a cachaça, o vinho da Jurema e a fumaça dos cachimbos de Jurema ou de angico, de um ou de sete canudos de fumaça (e em raros casos de charutos), constantemente fumados ao contrário, com o lado da brasa dentro da boca.

A Jurema tem vários tipos de ritual: Jurema de chão, Jurema traçada, Jurema de meia-noite armada.

A Jurema de chão é um ritual em que os juremeiros ficam sentados no chão em frente ao gongá (altar de Jurema) com imagens de Mestres , índios, pretos-velhos, caboclos e até mesmo Padre Cícero. A tronqueira do mestre da casa com um cachimbo de sete-fumaças, uma cumbuca com fumo de várias ervas: alecrim do campo, liamba, erva-doce, fumo-de-rolo, abre-caminho; e muitos cachimbos. Invocam as entidades para darem passes e fazerem consultas. Nessa sessão também são invocadas, sem obedecer a uma seqüência, todas as entidades ao mesmo tempo e pode Ter batuque dos elus (tambores) ou não. Há ponto cantado. A Jurema de meia-noite armada ocorre realmente à meia-noite, também no chão; é arriada no centro do terreiro a tronqueira do mestre da casa, que é responsável pela sessão; jarros com ervas da Jurema (pinhão roxo, comigo-ninguém-pode, pé da felicidade, aroeira), sete qualidades de cachaça, champanha, vinho tinto, vinho branco, cerveja, mel, uma garrafada de Jurema “preparada”, um cruzeiro de velas brancas, alguidares com frutas, três alguidares com fumos preparados (fumo de queda, fumo de descarrego e fumo de levanta), cachimbos cruzados, charutos e cigarros, palitos de fósforo cruzados, velas coloridas cruzadas e uma garrafa de plástico com Jurema para passar no corpo como descarrego.

Nessa Jurema não há elu, pois é apenas cantada para a realização de “trabalhos” em hora grande, horário especial dos Mestres fazerem as coisas funcionarem melhor, com mais força, pois só com o canto e a concentração no silêncio da madrugada fazem render resultados positivos, trabalhando com o que eles mais gostam: cachaça, cachimbo e os cocos ” daqui e de lá do outro mundo.



Mas eu pisei na rama
A rama estremeceu
Não beba dessa água, oi morena
Quem bebeu morreu

Esse coco é meu
É da Paraíba
É de Catolé
É de macaíba

Meu avião de alumínio
Que voa de norte a sul
Mulher que rapa o cangote
Do céu não vê o azul

Ô Lili, minha Lili
A mulher que eu mais amava
Nas tranças dos seus cabelos
Aonde eu me balançava


Ganham sentido de pontos cantados, louvações e orações. Cocos que remetem a vários sentidos além do “sagrado” e da “brincadeira”, que se fundem independentemente de temas específicos para prenunciar a alegria e a força do trabalho na Jurema encantada.

Nos próprios pontos cantados de Jurema, podemos perceber vários elementos informativos do culto, encontrados em uma das Juremas da Torre:



Era uma mesa branca
Toda enfeitada de flores
E hoje é uma tenda de Jurema
De paz, de luz e de amor
(…)3

Zum, zum, zum ô Jurema
Vamo trabalhar ô Jurema
Desmanchar macumba ô Jurema
Catimbó e azar ô Jurema4

Jurema minha Jurema
Meu tesouro rico
E olha o tombo da Jurema
Que ela vale ouro
(…)5

A Jurema é minha madrinha
Jesus é o meu protetor
A Jurema é pau sagrado
Deu sombra a Nosso Senhor6




NA PANCADA DOS COCOS

Os instrumentos da Jurema são basicamente os mesmos da brincadeira do coco. Os instrumentos utilizados são todos de percussão. Na brincadeira é usado um zabumba e na Jurema um elu, tocado pelo ogã. Ambos são cobertos por um couro de bode, existindo uma pequena diferença no zabumba, que é coberto por dois couros: um couro de bode e outro de “boda”.

Nos rituais de Jurema, o mestre aceita qualquer batida do elu; o mais importante é o coco cantado, que tem força para “seus trabalho”, com sua cachaça e com suas namoradas. Ainda temos o ganzá, que está presente nas duas manifestações, muitas vezes improvisado com uma lata vazia, com pedrinhas ou sementes dentro. Maracás, espécie de chocalho, com som semelhante ao do ganzá, também fazem parte. O triângulo, instrumento apenas da Jurema tem o formato correspondente ao nome, feito artesanalmente, a partir de restos de ferros utilizados na construção civil, batido com um bastão do mesmo material. Também pode aparecer gaitas feitas de bambu, semelhantes a uma pequena flauta, como asa tocadas pelos participantes das tribos indígenas do carnaval.

Os pontos são acompanhados por palmas e batidas de pés. O espaço para o ritual tanto pode ser fechado (o interior dos terreiros), quanto aberto (a rua, a encruzilhada, o mato).

Os cocos cantados como pontos de Jurema foram encontrados em espaços abertos e fechados, nos diferentes tipos de ritual. Também encontramos o que parece ser ponto de Umbanda ou Jurema, cantado como coco em festas de São João nas ruas do bairro da Torre. Os limites da cultura popular são muito tênues.

No bairro da Torre, em João Pessoa (PB), são encontradas muitas casa de Umbanda e Jurema. O bairro também se caracteriza pela riqueza de manifestações populares, dentre as quais a malhação de Judas em várias ruas, palhoças e quadrilhas, cocos e cirandas, blocos de carnaval, tribos (o nome que se dá na Paraíba à dança conhecida como caboclinhos em Pernambuco), escolas de samba.

Em 1938, integrantes da MPF (Missão de Pesquisas Folclóricas), fizeram diferentes registros da cultuar popular na então Torrelândia: narrativas populares, sessões de catimbó, tribo dos índios africanos, barca.

Em vista desses argumentos mencionados, vimos através das manifestações populares afro-brasileiras, a presença de vários cocos de roda cantados como canto religioso no sentido de trânsito entre atividades diversas pertencentes ao grande universo da literatura oral.
E salve a Jurema Sagrada!

DESCONHEÇO O AUTOR E AS FONTES PESQUISADAS

PORQUE ELES VÊM JUNTOS?


As linhas de Baiano, Boiadeiro, Malandro e Marinheiro são linhas que trabalham com quebra de demandas, são chamados de Híbridos pois podem andar entre os planos da Direita e da Esquerda sempre a serviço dos divinos Orixás.
 Essas entidades possuem suas características individuais pertencentes as suas linhas e não possuem dependências entre si, trabalham tanto sozinhos como junto de outras linhas.
A grande diferença entre eles e os Exús e Pombas Giras na "limpeza" das demandas feitas, é que eles trabalham os espíritos obsessores, os chamados Eguns, de forma diferente, eles dão a chance de evolução a esse espírito perturbado afim dele começar sua caminhada em direção do bem, ou seja, essas entidades tentam dar uma última chance desses espíritos serem doutrinados.
 
E mesmo sendo uma gira com muito trabalho de desmancho de demanda e quebras de energias negativas, essa gira consegue ser extremamente leve e divertida tanto para os médiuns que trabalham incorporados quanto para os assistidos, e o segredo é que eles trabalham numa corrente harmoniosa com muitas brincadeiras e descontração!!
Muitos terreiros não trabalham com essas linhas. Alguns por não terem disponibilidade de dias de trabalho suficiente e acabam fazendo giras esporádicas ou abrindo espaço para essas entidades em outra gira de acordo com a necessidade delas de trabalho, outros por falta de "intimidade" com essas entidades e muitos por falta de conhecimento.
 www.ceuue.com.b


SALVE SEU ZÉ PILINTRA


Salve Seu Zé Pelintra!

Falar de Seu Zé Pelintra no tempo da quaresma cristã parece provocação. Incentivar ou manter o preconceito com esta entidade tão iluminada é não aceitar essa bênção de sua proteção.

Quantos já escreveram e dissertaram de forma tão brilhante, sobre as origens desse espírito guerreiro. Mas aquilo que vivencio, ou conhecendo as várias manifestações em diferentes locais, onde presenciei trabalhos carregados de fé.

Em casas de irmãos que trabalham com as diretrizes voltadas ao Catimbó, a manifestação de Mestre Zé Pelintra vem carregada de rituais voltados ao culto da Jurema, árvore sagrada. Nesses trabalhos, aparece como malandro vestindo terno branco e gravata, fumando seu charuto, bebendo sua marafa, mas fazendo suas orações que auxiliam todos aqueles que lhe pedem justiça, vitória contra as demandas.

Presenciei em outra ocasião, e em outro local a chegada de um velho que era amparado por cambones, ali chegou e se apresentou: “sou Seu Zé Pelintra das Almas, e não vim pra brincadeira!” Era um Preto-Velho com suas cantigas que mais eram orações que mostravam a sua forma de trabalho, e suas recomendações quase sempre são conselhos de mudanças de atitude para os que insistem na vida sem utilidade, fazendo o sofrimento por onde passavam.

Alguém pode afirmar que o culto de Seu Zé Pelintra é completamente o oposto e que tal entidade é um Exu que zomba da dor alheia, e que sua missão é trazer a discórdia por onde passar. E infelizmente, acaba sendo mais convincente, por causa do lucro que pode conseguir diante de uma humanidade tão ressentida e vingativa.

Para minha alegria conheci muitos lugares que valorizam o trabalho desse espírito iluminado, que com o passar dos anos se revelou mais justo, brilhante soldado de Ogum e fiel conselheiro para aqueles que quiserem se libertar da prisão dos vícios de toda a espécie.

A Luz deixada por Seu Zé Pelintra será reveladora, e assim muitos saberão da verdade libertadora dos preconceitos.

Em qualquer tempo, faça uma prece em louvor ao Seu Zé Pelintra.

Quem é Zé Pelintra?

Trata-se de um espírito famoso, alguém que viveu de forma anônima, sendo mais um José na multidão. Era mais um negro brasileiro, que vivia na simplicidade e se divertia cantando e encantando as pessoas. Era esperto demais que virou malandro e lenda no Rio de Janeiro. Para muitos aquele Zé se tornou um grande guerreiro, iluminado por Ogum, São Jorge vencedor de demandas. Tão sábio era em vida que se transformou numa das colunas da Umbanda.

 
Ouvi certa vez de um mensageiro que se apresentou como Seu Zé Pelintra, que surgiu após a incorporação dos Caboclos no terreiro. Aproximou-se de mim e disse: “Não tema menina, sou espírito do Bem. Venho com a ordem de Ogum, e cumprir sua vontade. Muitos irmãos se apresentam com nome de Zé Pelintra em diferentes degraus da escada. A escada que subimos pouco a pouco, trabalhando com as ferramentas que encontramos em cada degrau.

Poucos entendem que somos muitos espíritos carregando o mesmo apelido, por causa da simpatia que possuímos pela história e trajetória espiritual daquele primeiro Seu Zé. Nosso lema principal é sempre vencer as batalhas em nome da Luz Maior.

* No primeiro degrau avistamos o sinal dos tridentes cruzados, mostrando que nosso combate será nas encruzilhadas, ao lado dos Exus Guardiões, eternos vigilantes do equilíbrio. Participamos de muitos tipos de trabalho, seja no Catimbó ou Santeria.

Vestindo nosso terno branco, gravata vermelha nos impomos com nossa elegância e nosso conhecimento contra qualquer mal feito. Usamos de toda a astúcia para enfraquecer o abismo destruidor, por isso muitas vezes nos chamam de malandros que saem durante a noite.

Quando chegamos ao segundo degrau estamos ao lado dos espíritos de baianos e boiadeiros, trazendo alegria e esperança para todos. Através da cantoria, da dança, e da palavra esperançosa, ilumina as almas encarnadas com a certeza que merecem serem felizes. Recebemos o nome de Baiano Zé Pelintra, e a fama de grandes conquistadores das almas femininas.

* Nesse degrau do meio, estamos em bandas, ou povos, sem esquecer o que se passou no degrau anterior. Usamos da alegria e esperança, para a libertação daqueles que se entregaram nos laços destruidores de almas. Mostramos que a beleza da vida está em toda parte, e que levamos da vida a vida que a gente leva.

* E finalmente no terceiro degrau, juntamente com as Almas abençoadas dos Pretos-Velhos, deixamos confusos aqueles que acham que o espírito demora uma eternidade para evoluir. Esquecem-se da grande misericórdia divina, e do perdão que Deus concede aos arrependidos sinceros.

Com toda a sabedoria que adquirimos ao longo da trilha espiritual, percebemos que em muitos momentos nos reunimos num nível só. Somos os guerreiros das encruzilhadas, que com toda a alegria e disposição usaremos sabiamente o que aprendemos durante toda a jornada espiritual.

“Viu só menina quanta coisa ainda precisa aprender?

Todos são livres para escolher a felicidade, e desprezar a dor.

Zé Pelintra é do nosso povo brasileiro, sofrido, espoliado, mas não desiste de ser feliz”.

Como é sua Imagem?

A imagem do negro elegante, vestindo seu terno branco a gravata vermelha, lenço vermelho na lapela, e um chapéu panamá, muito usado nos anos quarenta. Essa é uma imagem popular do Seu Zé Pelintra, que qualquer pessoa identifica em qualquer lugar.

Seu culto em Minas Gerais se realiza no Catimbó. Cerimônias em locais retirados dos centros urbanos, no interior, em comunidades que possuem a tradição familiar, ou seja, o comando espiritual passa de pai para filho, ou para herdeiros escolhidos. O fundamento principal está baseado no segredo que envolve a bebida extraída da árvore da Jurema, um segredo que é guardado pelos homens. Nesses cultos se valorizam a força da reza, ou orações parecidas com as da Igreja católica e a incorporação dos Mestres espirituais ancestrais. Seu Zé Pelintra é para alguns, um desses Mestres. É recebido com respeito, porque um dos seus grandes trabalhos é o “fechamento de corpo”. Consistia em rezas para a segurança nas viagens longas em estradas perigosas, ou proteção contra inimigos materiais ou espirituais. Segundo me informou uma pessoa que viveu dentro desse culto no Catimbó, o dia mais recomendado para se fazer o fechamento de corpo para um ano inteiro, era a sexta-feira santa. Nesse dia Mestre Zé Pelintra incorpora num médium paramentado de terno branco, gravata vermelha, tal e qual a representação de sua imagem mais popular. O médium que o incorpora geralmente se torna muito vaidoso, e tal qual o Mestre Zé Pelintra, é uma pessoa ao mesmo tempo amada e temida em muitos pontos do país.

Nos terreiros de Umbanda, raramente se avista a imagem de Seu Zé Pelintra num altar especial, dentro das salas de trabalho, e muito poucos se atrevem a chamá-lo em giras de baiano. Sua presença é vista com estranheza e desconfiança, por que alegam que esse malandro só possue lugar dentro da trunqueira, ou seja, junto aos Exus Guardiões. A trunqueira é localizada em geral, fora dos limites da sala principal de trabalho, do lado esquerdo de quem entra.

O tempo passa, e por mais que o trabalho desse espírito iluminado demonstre sua evolução, muitas pessoas ficam estacionadas em conceitos passados por pessoas que temem Seu Zé Pelintra. Um temor que envolve lendas passadas e incorporadas no senso comum. Aquele que teme por que aprendeu que Zé Pelintra é do mal, espírito sem luz que só faz tragédia acontecer para quem nele acredita.

Quantos médiuns que possuem missão com ele em suas falanges? Ou ficam confusos ou temerosos ou então se envaidecem pelo poder de intimidação que esse espírito traz em suas lendas.

Os que ficam confusos e temerosos tentam “cuidar dele” para que ele não atrapalhe sua vida. São induzidos a incorporar Seu Zé em giras carregadas de medo e destruição. Impedem que os brilhos de seus trabalhos sejam realizados, fazendo com que se reforce a idéia de que esse espírito seja mensageiro das trevas. Alguns conseguem se libertar dessa concepção e através de estudo e análise de outras correntes de pensamento, aquelas que observaram a evolução das manifestações de Zé Pelintra na Linha das Almas. Graças aos caminhos evolutivos as informações positivas e esclarecedoras chegam ao entendimento. Aí o médium sente a companhia espiritual como bênção, e assumirá a conduta de sempre buscar o seu melhor, estudando e evoluindo para continuar sua missão com dignidade.

O aprendizado constante é dever de todo médium, e a humildade é sua pedra fundamental. Seu Zé Pelintra é espírito iluminado e o médium que se atreve a vangloriar-se de sua proteção, sofrerá muito com as decepções que causará e receberá o seu retorno. Por ser um espírito famoso, pode causar ao seu médium o penoso caminho da provação e do abandono. Os médiuns são intermediários, é ser instrumento e aprendiz dessa experiência maravilhosa. Experiência de contacto com a Luz que ilumina os corações e espíritos de todos inclusive dos médiuns. A vaidade é devastadora, pois deixa o contacto com a Luz interrompido. O vaidoso em principio até trabalhou com a entidade, mas com o tempo e a persistência desse sentimento acontece o afastamento do espírito iluminado e cede a aproximação de obsessões que comandam e sustentam a farsa. Ser médium é ter responsabilidade, e não existe isenção quando o arbítrio decide pela vaidade.

Seu Zé Pelintra, tal e qual aos espíritos mais conhecidos, possui a responsabilidade de executar sua missão com determinações do Astral Superior.

Portanto a presença de Seu Zé Pelintra em várias partes do país pode mudar conforme a cultura local, mas a essência de sua missão fortalecida na alegria e esperança. Quer esteja na vibração das encruzilhadas, das matas com a Linha das Almas, seu trabalho valoroso deve ser bem interpretado. A liberdade desse espírito expõe a grandeza do caminho da evolução espiritual, que todos os grandes Mestres trilharam. Na simplicidade e na seriedade, os milagres atribuídos a esse espírito guerreiro vão continuar e cabe-nos refletir sobre nossas atitudes diante dele.

Que a partir desse novo tempo de evolução mais irmãos coloquem em seus altares materiais e em seus corações, a imagem brilhante daquele negro de terno branco e chapéu panamá. Que ele continue rezando por nós nesses dias tão violentos, fechando nossas mentes para o preconceito e isolamento.

Salve Seu Zé Pelintra!


Por Mãe Bebel – Fraternidade Socorrista Mãe Yemanjá e Baiano Zeferino

A MAGIA DA CAPOEIRA

 

A capoeira é uma expressão cultural Afro-brasileira que mistura luta, dança, cultura popular, música. Desenvolvida no Brasil por escravos africanos e seus descendentes, é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos, utilizando os pés, as mãos, a cabeça, os joelhos, cotovelos, elementos ginástico-acrobáticos, e golpes desferidos com bastões e facões, estes últimos provenientes do Maculelê. Uma característica que a distingue da maioria das outras artes marciais é o fato de ser acompanhada por música.


Zé Pelintra e a Capoeira


Seu Zé, como é carinhosamente chamado por seus admiradores, é também um conquistador nato. Conhecedor da noite e dos perigos da vida, anda sempre com seu lenço no pescoço e sua navalha alemã no bolso.
Não é preciso ser capoeirista para saber que muito dessa personalidade de Seu Zé, está ligada também à personalidade histórica do capoeirista. Se retornarmos para um segundo momento na história da capoeira, pós-abolição, vamos encontrar entre os praticantes da arte justamente os malandros, que, sendo exímios capoeiristas, sabiam como escapar de qualquer perigo e estavam sempre atentos ao caminhar pelas ruas. Os capoeiristas também sempre foram "conquistadores natos" do mulherio.
Ainda que afirmar isso nos idas de hoje seja tão polêmico, era no passado também muito natural que os praticantes da capoeira fossem praticantes de alguma religião afrobrasileira, uma vez que essas religiões estão fortemente ligadas ao universo de onde eles e a própria capoeira vieram. Mais do que uma simples prática, a religiosidade do povo africano não é apenas vivida no espaço de um terreiro ou um templo, é algo levado para o dia a dia, não é só uma religião, mas também uma forma de viver e de ver o mundo. E se hoje o preconceito é grande, imagine então naquela época...
Um pouco mais a frente na história, encontramos entre os angoleiros figuras tão malandras quanto Seu Zé, principalmente na capoeira Angola, onde os malandros chegavam em seus ternos impecáveis, chapéu de lado, e jogavam sem que uma mancha de poeira sequer maculasse o branco de suas roupas.


"moça não tenha medo do seu marido 
se ele é bom na faca, eu sou no facão 
se ele é bom na reza, eu na oração 
se ele bate em cima, eu vou na rasteira 
sou da capoeira"

Vibrações na Capoeira

A tão famosa "mandinga", uma energia quase palpável na capoeira, que todo capoeirista já sentiu, é uma energia herdada dessa época em que era preciso mais do que esperteza e habilidade no jogo, mas também - opinião própria - uma proteção espiritual para o capoeira. Negro, pobre de recursos materiais, mas rico de recursos culturais, e discriminado, perseguido pela polícia, pelo preconceito, por outros capoeiristas... A mandinga é uma energia que vem da época em que o negro escravo precisava fugir da senzala e lutar pela liberdade e para isso contava com um auxílio divino. Então, por mais incrível que pudesse parecer, o escravo e o malandro conseguiam escapar das mais inacreditáveis situações...

MALANDRAGEM É ....

 
Malandragem é Linha de Força, Linha de Caridade, É Linha de Umbanda. Hoje ando na Linha... Sou Malandro, sou protegido por nosso Pai Glorioso Guerreiro São Jorge e pela energia de Ogum, com essa proteção levo a todos que me chamam a Segurança, a Paz e a Ordem... Sou Jogador, mas não jogo com isso, pois sei que com proteção não se brinca! Na Navalha, no Carteado, no Chapéu, no Dado, na Cerveja, na Ficha, no Cigarro e até no Terço que carrego, tenho minha Magia e meus Mistérios, mas levanta da Mesa e chora, quem não tem a Malandragem em seu caminho! Proteção, Paz e Luz de nosso Senhor aos Filhos de Umbanda... Salve a Malandragem!
Por Malandro Zé da Silva.
 

UMA HISTÓRIA DA DAMA DA NOITE


Carmem vagava pelas ruas sem saber para onde ir. Perdera os pais, quando tinha cinco anos, e fora morar com seus tios. Tratada como escrava por anos, nunca soube o sentido da palavra felicidade. Analfabeta, somente conhecia os segredos da cozinha e da limpeza que era obrigada a fazer diariamente. O assédio de seu primo tornara-se insuportável conforme crescia em formas e beleza. Tanto o rapaz insistiu que acabou levando-a para a cama, onde foram flagrados pela velha tia, que em nenhum momento duvidou da palavra do filho que acusava a moça de seduzi-lo dia após dia. De nada valeram os apelos e juras de inocência. Imediatamente foi posta na rua sem um tostão e apenas com a roupa do corpo. 
Agora estava ali perambulando por ruas que não conhecia em uma noite escura e com lágrimas correndo pelo belo rosto. Um homem aproximou-se dela:

- O que faz uma moça tão bonita perdida por aqui? E porque chora?

Desalentada, começou a falar tudo que havia se passado. Não tinha nada a perder. Quem sabe aquele rapaz não a ajudaria? Fora o único que mostrara interesse no seu drama. Após ouvir tudo ele disse:

- Venha comigo, tenho um lugar para você ficar! Sem outra opção a jovem o seguiu. Entraram em um casarão escuro em que somente uma pequena luz bruxuleava. Uma senhora vestida e maquiada com extravagância para àquela hora da noite, atendeu-os prontamente:


- Mais uma menina, Jorginho? De maneira brusca, o rapaz agarrou a mulher pelo braço e sussurrou-lhe:


- Esta é minha, vou querer somente para mim!

- Calma lá garotão! Se você pagar não vejo motivo para que não seja sua. A partir desse momento Carmem transformou-se em mais uma menina da famosa Madame Eglantine. A principio deitava-se com Jorge pela gratidão, aos poucos, porém foi tomando-se de amores pelo rapaz, que em pouco tempo enjoou do que tinha com facilidade.

Depois de dois meses de amor incondicional, o rapaz procurou pela Madame e falou:

- Já está na hora da garota fazer a vida, não tenho mais como pagar pela sua estadia aqui.

Eglantine sorriu com desdém, pois já sabia que o final seria esse, não era a primeira que passava por isso em sua casa. Ao ser informada de suas novas atribuições, a moça desesperou-se, chorou uma tarde inteira. Sem ter como fugir da situação, preparou-se para cumprir o combinado. Sentada no grande salão mal iluminado Carmem aguardava. Cada vez que uma das meninas subia acompanhada de alguém, ela suspirava de alivio por não ter sido escolhida.

No entanto, quando já achava que estaria livre por aquela noite, Madame aparece com um senhor:

- Querida, trate muito bem o Comendador Belizário, ele é prata da casa! Ao olhar o homem, sentiu o estômago revirar, ele podia ser seu avô! Eglantine percebeu e fixou um olhar gélido sobre ela:
- Leve-o para seu quarto e faça tudo para agradá-lo.

Com os pés pesados ela subiu as escadas que a levariam para o sacrifício, puxando o comendador pela mão. O velho fungava em sua nuca e ela tentava desviar do contato, ao sentir o hálito mal cheiroso, não resistiu, pediu que ele a soltasse e o empurrou com violência. Isso somente excitou mais o homem que agora literalmente babava em seu pescoço.

Instintivamente agarrou a haste de bronze do abajur e desferiu com ódio na cabeça de Belizário. O sangue correu imediatamente manchando seu seio. Mas o velho não caiu, tomado de ira, apertou o pescoço da jovem até que, com os olhos vidrados, ela deu o último suspiro. Assustado pelo que fizera e com o sangue escorrendo pelo rosto, o comendador correu para as escadas onde tropeçou e rolou caindo morto no meio do salão de Madame Eglantine.

Durante muitos anos o espírito de Carmem vagou por regiões escuras onde reviu e reviveu carmas e pecados de vidas anteriores.


Amparada por linhas auxiliares começou seu trabalho de evolução espiritual utilizando a roupagem da Pomba-Gira Dama da Noite. 

Laroiê a Dama da Noite! Laroiê as Pomba-Giras!

UMA CARTA DE NAVALHA PARA ZÉ PILINTRA DA ENCRUZILHADA

 


Nasci no norte, e criei na lapa e me apaixonei aos 21 anos ...

Por um menino da encruzilhada, que tentou me fazer de otária,entrou em meu coração sem pedir permissão, mas foi com minha navalha que briguei por seu coração...
Sempre fui respeitada e você um enrolador um conversa fiada, eu uma malandra enfeitada e você um vacilão arrumado,eu uma irmã decente e você um metido a enrolar gente...
Quantas vezes pensei que estava com o grande amor da minha vida, mais levava todas as noites para minha casa um vagabundo...Não te odeio, mais lhe desprezo, mais como me traíste varias vezes, FINGIDO!
Na ponta da minha navalha existirá sempre um risco representando sua encruzilhada e em meu peito uma fechadura sem chave, Pois em seu buraco, No dia de sua morte... Eu a enterrei com você E como você não tenho mais coração eu também não tenho mais emoção, como você não pode mais dormir eu também deixei de sonhar, e você vai sempre existir, mais para mim será apenas mais um Zé...
Amarei todos!!!Menos você...
Olharei tudo, nunca verei você!!!Sempre se lembrará de mim como uma mulher que passou por sua vida e deixou essas palavras fatais: "
Chamo-me Maria Navalha, que morreu por causa de um Zé qualquer, sem nome,sem endereço, Que só pensava em mulher"... Sou “feliz por ser um aparelho de Maria Navalha da lapa”

A MALADRAGEM DO CATIMBÓ


A malandragem já fala por si só, 
o nome dele e Zé pelintra, ele e o rei do catimbó
ele nasceu e se criou nas alagoas 
e sua vida sempre levou numa boa.

Hoje ele vem no batuque do terreiro. 
ele chega sambando e sapateando. ele  mestre juremeiro
confio nele e nele tenho fé. 
ele resolve qualquer problema com a  força do seu axé

É meu amigo, e um grande camarada me defende dos perigos no longo da minha estrada
com as suas mandingas desamarra qualquer nó
ele e seu Zé pelintra e o rei do catimbó 

EGRÉGORA

EGRÉGORA
Se você é pai no santo ou médium freqüentador de algum terreiro, já deve ter pelo menos ouvido alguém dizer:
-”Olha a corrente, gente ! Vamos concentrar”!
Você sabe realmente o que isso quer dizer? Muita gente (até as que falam) não sabe!
O que é essa tal de “corrente”?
Será uma corrente de ferro ou de fibras que se forma no invisível? Será uma corrente que vai prender os espíritos? Será? Será?
Na verdade, quando um dirigente (quando bem preparado) chama a atenção para a “corrente” é porque ele sentiu uma queda ou diminuição na energia ambiental (EGRÉGORA) que deve ser mantida pelos médiuns em um potencial elevado, de forma a manter os trabalhos em nível adequado, até mesmo por uma questão de auto-preservação.
Essa questão da “corrente” ou egrégora é tão importante que vamos nos aprofundar um pouco mais no assunto para que você possa perceber, se orientar e orientar a outros. 
 Vou tomar como exemplo uma gira de Umbanda, mas advirto que você pode adaptar minhas explicações para entender práticas espirituais, inclusive das Igrejas Evangélicas que fazem curas, etc.
Vamos considerar um grupo de 10 pessoas e partir do princípio de que TODAS ESTÃO UNIDAS POR UM MESMO IDEAL. Isso é a base de tudo!
Criada a egrégora como já vimos antes (pela união dos pensamentos direcionadas aos mesmos fins), cada vez mais energias de mesma sintonia são atraídas para o ambiente. Essas energias somadas atuam imediatamente nas pessoas que ali estão e em alguns casos, se for bem forte já começam a operar alguns “milagres”, desde que as pessoas estejam em estado de recepção (concentradas no ritual e ansiando por receberem um bem). As entidades afins (aí eu já estou falando de seres espirituais) penetram e até são atraídas para o interior. Entidades inferiores tendem a ser barradas por uma força invisível (a energia) que a princípio é incompatível com suas vibrações (isso se tudo estiver “correndo bem”).
Se uma entidade inferior for atraída para dentro da egrégora, ela fica de certa forma subjugada pela força desta e desse modo se consegue lhes dar um melhor encaminhamento para outros planos espirituais.
As entidades afins usam parte dessa energia para auxiliar os que ali estão na medida de suas possibilidades.
A técnica usada nos terreiros de Umbanda e Candomblé para formar a egrégora inicial (quando os grupos são bem dirigidos) está baseada nos rituais de “abertura”. Já nas Igrejas Evangélicas e outras, consiste basicamente nas pregações, que fazem com que os adeptos se concentrem ou dirijam seus pensamentos de acordo com a “pregação”.
Se você for um estudioso e não carregar preconceitos, notará que nessas “pregações” há sempre um direcionamento do raciocínio dos ouvintes de forma a fazê-los pensar positivamente e acreditarem firmemente na possibilidade de alcançarem os bens que foram procurar. Nesse momento, embora nem saibam às vezes, estão gerando a egrégora. 
 Fazer com que a assistência participe ativamente, pensando positivamente, deve ser parte obrigatória de TODAS as giras de Umbanda. Essa, no entanto é uma prática esquecida e o que vemos em muitos terreiros é uma assistência quase que sempre alheia, só participando em alguns momentos, de preferência quando vêm de encontro ao que lhes interessa.
Dessa egrégora, como já disse, são retiradas as energias para a realização dos trabalhos, o que vale dizer que se essa energia não for forte o suficiente, o mínimo que pode acontecer é acontecer nada.
Por outro lado, se a corrente ou egrégora das “giras” não for suficiente, várias complicações podem acontecer com o passar do tempo, sendo que, o(a) dirigente, por ser o centro maior das atenções e para quem convergem as maiores quantidades de energia ali geradas e mesmo as trazidas pelos assistentes, é quem sofre, por assim dizer, as maiores conseqüências dos trabalhos realizados sem a devida segurança.

Complicações que podem ocorrer ainda dentro da sessão:

1) Médium dirigente e/ou médiuns auxiliares não conectados positivamente com suas entidades de guarda o que pode provocar de imediato incorporações insatisfatórias, e insegurança - ANIMISMO.
2) Perturbações por intromissão de entidades do Baixo Astral que encontram entrada fácil nesses casos.
3) Problemas com médiuns e/ou assistência com relação até mesmo à integridade física, pois não é raro em sessões dessa natureza, haverem manifestações turbulentas de entidades descontroladas e médiuns idem.
4) Cansaço físico de dirigente e médiuns ao final dos trabalhos pela perda energética sofrida. O normal é que quando se encerram os trabalhos, todos os médiuns se sintam em perfeitas condições físicas e, não se tratando de trabalhos de descarga e de­sobses­são, é normal até que saiam sentindo-se melhor do que quando chegaram, justamente porque conseguiram atrair uma grande quantidade de energia positiva da qual todos poderão desfrutar. 
 Observação:
Existem mais situações que podem acontecer, mas vamos ficando por aqui pois só as citadas já darão como conseqüências as que vêm após.

1) Enfraquecimento crescente dos contatos entidade/médium.
2) Corpo mediúnico cada vez mais inseguro.
3) Dificuldades crescentes para a realização de trabalhos.
4) Problemas começam a surgir na vida material de todos.
5) Discórdias entre o grupo começam a gerar desentendimentos maiores.
6) Formam-se grupos dentro do grupo dividindo a energia ao invés de somá-la.
7) Doenças e dificuldades começam a aparecer.
8) Como os contatos espírito/médium já não são tão positivos, torna-se difícil ou impossível a solução de problemas que antes eram nada (aí, não raramente começam a se consultar em outros lugares).
9) Para sintetizar: Todos serão altamente prejudicados por seus próprios atos e desunião e, como ocorre normalmente, ao final ELEGERÃO SEMPRE UM CULPADO - ou o dirigente ou a própria Umbanda (no nosso caso).
Ainda sobre a egrégora de terreiros de Umbanda, é preciso que se explique que ela, além de ser formada e nutrida com a energia gerada em cada reunião, também é favorecida pelas “firmezas” ou “assentamentos” que devem ser tratados, reforçados e respeitados.

Mais uma explicação.
Assentamento, como muitos podem crer, não é prática exclusiva das religiões Afro. Até mesmo elas “importaram” essa prática de Seitas e Religiões muito mais antigas.
Se os assentamentos estiverem bem “sintonizados” com as energias e entidades para os quais foram dirigidos, sabendo o/a dirigente acioná-los, eles serão de grande importância (caso contrário serão meros ocupantes de lugar), pois poderão trazer para o ambiente essas energias e entidades que beneficiarão sobremaneira a realização de trabalhos positivos
 1) Energia positiva atrai energia positiva (o oposto também vale).
2) Pensamentos (que geram energia) positivos atraem energias e fatos positivos (ou negativos...).
3) Medo, insegurança e discórdias quebram a rotina da criação e da ação de energias positivas.
4) Fé (certeza, convicção) provoca sempre a criação de energia e, quanto maior for, maior será a ação dessa energia.
5) Egrégoras são energias que podem ser geradas e fortalecidas a cada dia. Se elas serão positivas ou negativas, dependerá de quem as criará.
6) Egrégoras (se positivas) são de utilidade total em qualquer reunião para trabalhos mediúnicos. Quanto mais fortes, maior o auxílio que podem prestar.
7) Egrégoras formam-se até mesmo em sua casa, seu ambiente de trabalho, etc. Só que nesses casos, como não costuma haver um direcionamento das energias que a formarão (a não ser em poucos casos) elas correm o risco de serem negativas.
8) Grupos desunidos, por mais forte que queira parecer o dirigente, estarão sempre a um passo da derrota em função de não conseguirem gerar o ambiente propício para a presença de Verdadeiros Espíritos Guias.
A disciplina e a união em torno de objetivos comuns são partes sólidas da base que construirá o verdadeiro Templo - aquele onde comparecerão sempre os Verdadeiros Amigos Espirituais.

Texto extraído do livro “Umbanda Sem Medo - Vol I
 

PONTO RISCADO

O PONTO MAIS CANTADO

SALVE O BARALHO DO ZÉ PILINTRA

A LINGUA É O CHICOTE DA ALMA

PONTOS MALANDRO DO CATIMBÓ

 


A malandragem já fala por si só, 
o nome dele e Zé pelintra, ele e o rei do catimbó

ele nasceu e se criou nas alagoas 

e sua vida sempre levou numa boa.


Hoje ele vem no batuque do terreiro. 

ele chega sambando e sapateando. ele  mestre juremeiro

confio nele e nele tenho fé. 

ele resolve qualquer problema com a  força do seu axé


É meu amigo, e um grande camarada me defende dos perigos no longo da minha estrada

com as suas mandingas desamarra qualquer nó

ele e seu Zé pelintra e o rei do catimbó

PONTO DE ZÉ PILINTRA DAS ALMAS

 


 Ô Zé Pelintra das almas, 
Companheiro, grande irmão
Venho aqui nos ajudar, 
tendo em troca a gratidão
Já errou enquanto vivo, 
hoje paga seus pecados, 
Sempre alegre e sorridente, 
Vem deixando seu recado.